domingo, 3 de agosto de 2014

QUNTINO CUNHA: O POETA CEARENSE DA IRREVERÊNCIA



José Quintino da Cunha (Itapajé, 24 de julho de 1875 - Fortaleza, 1 de junho de 1943), advogado, escritor, humorista e poeta cearense. Bacharelou-se pela Faculdade de Direito do Ceará em 1909, onde começou a exercer a profissão de advogado criminalista. Foi deputado estadual entre 1913 e 1914.
José Quintino Cunha é o mais lendário de nossos humoristas literários, o maior de nossos poetas cults. Excêntrico sem ser snob, feio, mas cativante, eternamente esquecido, sempre resgatado, Quintino Cunha figura ao lado dos grandes mestres do improviso literário ferino, como Bernard Shaw, Quevedo e Swift, sendo considerado pelo crítico Agripino Grieco "o maior humorista brasileiro de todos os tempos”. Homem do povo, orador nato, "virgem de funções públicas” como se considerava, culto e boêmio, sertanejo e globetrotter, Quitino representa com perfeição o melhor da inteligência cearense
Casa de Quintino Cunha em Itapajé/Ceará

Quintino Cunha se tornou um advogado muito requisitado, passando inclusive a ser considerado um mito da advocacia daquela época.

A PIRACEMA

Aqui é um lago, feito de água clara;
Visualmente negro se mostrando;
Calmo que sobre si passa uma igara,
Como no espaço um passarinho voando.

Sol, das dez da manhã. O amor compara
Este quadro à virtude. Um vento brando...
Mas lá fora no rio. Ele aqui pára,
O lago, a mata e o Céu quietos deixando.

Do anivelado espelho d'água, apenas
Manchado levemente por pequenas
Nódoas que lhe colorem, nódoas cérulas,

Aos bandos, as sardinhas vão surgindo,
Frágeis, cambiantes, rápidas fugindo,
Como travessas conchas madrepérolas.

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