segunda-feira, 15 de setembro de 2014

O CRISTO DA CRUZ



Também hoje, Jesus quer ser por nós reconhecido e aceito, amado e seguido. Mas não basta que o proclamemos Messias, como Pedro fez. Pois esse título não deixa de ser ambíguo, podendo definir tanto o Messias verdadeiro como o falso; o Messias pobre e sofredor, que dá a vida para salvar a humanidade, ou o Messias político e triunfalista, destruidor de inimigos.


O que importa é que sejamos capazes de vislumbrar nele o Filho de Deus, que veio revolucionar o mundo pela força do amor e o perdão. Aceitou o caminho da cruz para resgatar nossa vida e a humanidade inteira.


Mas, mesmo reconhecendo no homem de Nazaré o Messias verdadeiro, não podemos dar-nos ao luxo de aceitar apenas suas feições mais agradáveis. Cabe-nos aceitá-lo, amá-lo e segui-lo também na hora em que se nos apresenta com suas duras exigências. 


É fácil, por exemplo, aceitar o Cristo do Natal ou da "Noite feliz". Difícil é aceitar o compromisso de renascer com ele a cada dia, de renovar-nos no espírito e no coração.


É fácil aceitar o Cristo dos milagres, que cura os doentes e multiplica o pão. Difícil ´aceitar o Cristo que nos manda servir doentes e sofredores e repartir nosso pão com quem tem fome.


É fácil aceitar o Cristo dos discursos bonitos, a falar verdades e a desmascarar as injustiças dos poderosos. Difícil é aceitar o Cristo que denuncia também nossas próprias mentiras e injustiças.


É fácil aceitar o Cristo da última ceia, transbordante de ternura pelos amigos. Difícil é aceitar o Cristo que não reage à traição, às algemas e à condenação injusta.

É fácil aceitar o Cristo da vitória e da ressurreição. Difícil é aceitar o Cristo da crucificação.


Mas Cristo quer ter a liberdade de ser ele próprio; cabe a nós reconhecê-lo e amá-lo por aquilo que é. E isso para não corrermos o risco de, um dia, não sermos reconhecidos por ele.
Pe. Virgílio, ssp

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