quarta-feira, 3 de setembro de 2014

TENTANDO FAZER DIN-DIN DE CACHAÇA

TENTANDO FAZER DIN-DIN DE CACHAÇA



Autor: Professor Carlos Delano Rebouças

Constantemente vou visitar meus pais, desde quando me casei, ainda jovem, e sempre aproveito para rever meus amigos de bairro, quando podemos relembrar muitas experiências vividas, por aqueles amigos de infância e adolescência, que sempre nos arrancam muitas risadas, nas diversas conversas de beira de calçada.

Érico Vinícius, ou simplesmente, Cabeça é um deles, e sempre foi um dos mais alegres, extrovertidos e carismáticos da turma. Onde estar, a alegria é constante, e sempre nos permite exercitar muito a terapia do riso. Graças a Deus.

Numa certa vez, quando todos nós estávamos no sempre ponto de encontro – na pracinha da Av. L, no Conjunto Nova Assunção – Cabeça chegou com um saquinho de din-din, como é conhecido aqui no Ceará, o sorvete feito e embalado em saquinhos compridos, com um nó para fechar, e que no Rio de Janeiro, por exemplo, é chamado de sacolé. Pois é, para espanto de todos, em vez de ser um sorvete de frutas, Érico pôs cachaça dentro, e esperou por quase a noite inteira, em vão, que endurecesse, como um gelo, a fim de degustá-lo como um sorvete de verdade. Não sabia que quimicamente não seria viável.

Brincamos demais com a cara de Érico, e esse episódio virou a piada do dia, da semana, do mês, e se duvidar, do ano, e que até mesmo é lembrada até hoje, depois de tantos anos. Certamente o nosso amigo faltou à aula de química que tratou do assunto. Coitado!

Apesar das risadas, também dadas pelo ‘Cabeça’, percebi que ficou frustrado em não concretizar seu objetivo. Érico não que se tratava de um alcoólatra, viciado, que já tivesse chegado a este ponto, e sim, com o único desejo de fazer piada, fazer seus amigos rirem um pouco mais de uma inédita situação, incomum, porém, muito comum, entre os jovens brasileiros, que é o consumo de bebidas alcoólicas.

O jovem brasileiro tem de fato acesso, sim, a todas as drogas, lícitas ou não, e não éramos diferentes, mas restringíamos às licitas, que era o álcool.

 Nossos pais podem ter sidos relapsos, irresponsáveis, coniventes, como também, conscientes, que sabíamos conduzir nossas ações pelas nossas atitudes. Porém nem sempre é assim. Muitos jovens se perdem neste caminho, como alguns do nosso grupo, e que hoje estão entregue ao vício e a uma vida desestabilizada.

Essa experiência de Érico, o nosso ‘Cabeça’ certamente foi hilária, marcante em nossas vidas, e que ainda hoje nos arranca risadas, com a sua lembrança. Novas experiências, fizemos em nossas vidas, bem mais proveitosas e salutares, pelas quais nos permitiram tirar relevantes conclusões. O din-din de cachaça de Érico pode ter sido um fracasso como um sorvete, naquele dado momento, todavia, o resultado dessa experiência representa o sucesso de muitos de nós, hoje, como sabedoria de vida. 

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