segunda-feira, 6 de outubro de 2014

O BEM AMADO: INSPIRAÇÕES DE UMA “REALIDADE” PARA UMA REALIDADE


O BEM AMADO: INSPIRAÇÕES DE UMA “REALIDADE” PARA UMA REALIDADE

Autor: Professor Carlos Delano

Lembro-me muito bem, mesmo quase tido feito parte de minha infância, da telenovela global, O Bem Amado, que retratou tantos fatos de uma realidade tão comum em tantas cidades do nosso Brasil, pela visão de Dias Gomes, na fictícia Sucupira. Nela, que posteriormente, mais precisamente em 2010, virou filme, podemos refletir sobre a verdadeira postura de tantos símbolos da sociedade brasileira, com as mais diferentes posturas.

O Bem Amado mostrou mesmo de forma cômica, também não tão diferente da realidade de hoje, o prefeito Odorico Paraguaçu administrando a cidade como se fosse não somente o quintal a sua casa, mas a casa inteira. Engraçado, o personagem do saudoso Paulo Gracindo até que arranca ainda hoje muitas risadas, principalmente quando comparado aos administradores reais do nosso país.

O vigário, com todas as características dos de sempre, de tantas outras obras literárias, folhetins e até de um mundo real, também é representado. Envolve-se completamente com a sociedade, frequentando intensamente as casas dos fieis, comendo de tudo, sabendo da vida íntima de cada membro e sendo protagonista de escândalos tão semelhantes quanto aos que observamos hoje.

O delegado típico de tantas obras, em O Bem Amado não apareceu. Mas, fazer a justiça ser cumprida, ficou a cargo do personagem Emiliano Medrado, o “Coronel” da cidade, que na realidade, cumpria todas as ordens do prefeito Paraguaçu. Interesses comuns, pela conveniência, também retratada nos dias de hoje.

A sociedade de Sucupira era muito eclética quanto as suas crenças, opiniões, estilo de vida e comportamento. Personagens como Dirceu Borboleta, as irmãs Cajazeiras, Tião Moleza, Mestre Ambrósio, dentre tantos outros, representam tantos brasileiros, de tantas cidades brasileiras e em diferentes culturas. Entretanto, o Zeca Diabo, interpretado pelo grande ator Lima Duarte, tornou-se marcante pelas características singulares de um personagem tão emblemático nesta obra da dramaturgia brasileira.

O bandido, temido pela sociedade, fiel de Padre Cicero, engraçado, aterrorizou o povo de Sucupira. Levou medo aos mais poderosos ou que se achavam poderosos. Fazia muitos perderem o sono só em pensar em cruzar com ele na cidade e pensar em ser o primeiro a inaugurar o cemitério da cidade.
Que saudade de bandidos assim, fictícios!

Hoje, não funciona assim. Os bandidos não nos arrancam risos e sim, choro, lágrimas. Hoje, aliam-se também aos poderosos, ou são os poderosos que se aliam a eles? Há quem diga que existe a categoria dos poderosos bandidos. Alguém tem alguma dúvida?

O Bem Amado fez muito sucesso e ainda faz, principalmente ao lembrarmos ou revermos seus episódios. Já os episódios da vida real merecem ser esquecidos, quando os personagens reais, que representam pessoas públicas mostram comportamento reprovável, entristecedor, digno de vilões de um mundo cada vez mais injusto. 

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