quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

ENEM 2014: O RESULTADO ESPERADO


ENEM 2014: O RESULTADO ESPERADO

Por Carlos Delano Rebouças Pinheiro

Para mim, este humilde educador, não foi surpresa alguma, aliás, seria, caso os candidatos tivessem obtido excelentes resultados no ENEM de 2014.

Não vamos fechar os olhos, tapar os ouvidos e sair pela tangente, dizendo que foi uma surpresa o resultado das notas do ENEM, principalmente, na prova de redação. Salvo os mais desligados, desinformados, aqueles que tudo acontece em sua volta e nada percebem. Conhecem alguém assim, identificam-se? Pois é, exceto esse tipo de pessoa, todos já podiam saber que poderia haver um péssimo resultado no exame nacional do ensino médio de 2014.

Mas qual a razão para tanto pessimismo em relação ao resultado? Quais os motivos para ser tão realista quanto à educação desenvolvida em nosso país? Quais os indícios que levaram a sustentação dessa crença: a de que nossos estudantes estavam, aliás, estão extremamente despreparados para demonstrar seus conhecimentos gerais, adquiridos em toda a sua trajetória, que começa no pré-escolar?

Quantas perguntas...; quantas indagações...; diversas respostas...

Na verdade, em tempo algum o alunado brasileiro esteve preparado para a vida, na exposição de seus conhecimentos e na sua comprovação, salvo, em situações direcionadas, mecanizadas, sustentadas numa educação tradicional, que, à base de regras, de normas, e de "bizus", fez um brasileiro empobrecido de conhecimento, que mais decorou tudo ao longo de sua vida estudantil, mais parecendo um ator de novelas ou teatro, que na verdade, logo quando se termina a cena, tudo é esquecido.

O estudante brasileiro não desaprendeu a escrever. Na verdade, pouquíssimos possuem habilidades para externar seus pensamentos, diante de uma proposta, de uma sugestão. Isso acontece porque não existe incentivos para tornar a comunicação oral e escrita algo apaixonante e necessário. Em vez de fazer entender que ler e escrever, bem, são necessidades básicas de externar conhecimentos, de vender sua imagem, preferem condicionar o aluno, exclusivamente, para a realização de teste avaliativos, centrados em sugestões e possibilidades, a fim de que obtenham o resultado esperado, mesmo que depois, não deem continuidade ao exercício da produção textual.

Outra preocupação existente, que se configura como um dos vilões desse péssimo resultado do ENEM, especialmente na prova de redação, é com a Internet, mais precisamente, com as redes sociais. Elas surgiram, aproximaram-se com a ajuda da tecnologia, estreitando a relação com a sociedade de uma forma tão intensa, que criou hábitos, ou melhor, péssimos hábitos, que levam o estudante, cada vez mais, para um abismo cultural.

Ninguém quer mais ler um livro impresso. Preferem, os poucos que ainda apreciam a leitura, fazê-la na tela de seu computador, que a cada dia perde espaço para os moderníssimos aparelhos portáteis, que servem muito mais para as relações sociais, do que para fazer uma ligação telefônica, estudos, produção de textos, etc. E para piorar ainda mais a situação, parece que virou moda escrever errado nas redes sociais. Como somos obrigados a ver tantos absurdos escritos.

Não me venham dizer que o tema da redação foi complicado e complexo. Não venham dizer que as provas estavam difíceis. O que ainda pode me fazer ter uma ponta de esperança é que tivemos bons resultados, menores que o ano anterior, mas tivemos, partindo de alguns bons estudantes, que ainda acreditam na educação, na importância da aquisição do conhecimento, na dedicação que se deve dar aos estudos, e, principalmente, que não podem permitir que interferências externas, venham a atrapalhar seus sonhos, quando estes são objetivados.





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