ENEM
2014: O RESULTADO ESPERADO
Por
Carlos Delano Rebouças Pinheiro
Para mim,
este humilde educador, não foi surpresa alguma, aliás, seria, caso os
candidatos tivessem obtido excelentes resultados no ENEM de 2014.
Não vamos
fechar os olhos, tapar os ouvidos e sair pela tangente, dizendo que foi uma
surpresa o resultado das notas do ENEM, principalmente, na prova de redação.
Salvo os mais desligados, desinformados, aqueles que tudo acontece em sua volta
e nada percebem. Conhecem alguém assim, identificam-se? Pois é, exceto esse
tipo de pessoa, todos já podiam saber que poderia haver um péssimo resultado no
exame nacional do ensino médio de 2014.
Mas qual
a razão para tanto pessimismo em relação ao resultado? Quais os motivos para
ser tão realista quanto à educação desenvolvida em nosso país? Quais os
indícios que levaram a sustentação dessa crença: a de que nossos estudantes
estavam, aliás, estão extremamente despreparados para demonstrar seus
conhecimentos gerais, adquiridos em toda a sua trajetória, que começa no
pré-escolar?
Quantas
perguntas...; quantas indagações...; diversas respostas...
Na
verdade, em tempo algum o alunado brasileiro esteve preparado para a vida, na
exposição de seus conhecimentos e na sua comprovação, salvo, em situações
direcionadas, mecanizadas, sustentadas numa educação tradicional, que, à base
de regras, de normas, e de "bizus", fez um brasileiro empobrecido de
conhecimento, que mais decorou tudo ao longo de sua vida estudantil, mais parecendo
um ator de novelas ou teatro, que na verdade, logo quando se termina a cena,
tudo é esquecido.
O
estudante brasileiro não desaprendeu a escrever. Na verdade, pouquíssimos
possuem habilidades para externar seus pensamentos, diante de uma proposta, de
uma sugestão. Isso acontece porque não existe incentivos para tornar a
comunicação oral e escrita algo apaixonante e necessário. Em vez de fazer entender
que ler e escrever, bem, são necessidades básicas de externar conhecimentos, de
vender sua imagem, preferem condicionar o aluno, exclusivamente, para a
realização de teste avaliativos, centrados em sugestões e possibilidades, a fim
de que obtenham o resultado esperado, mesmo que depois, não deem continuidade
ao exercício da produção textual.
Outra
preocupação existente, que se configura como um dos vilões desse péssimo
resultado do ENEM, especialmente na prova de redação, é com a Internet, mais
precisamente, com as redes sociais. Elas surgiram, aproximaram-se com a ajuda da
tecnologia, estreitando a relação com a sociedade de uma forma tão intensa, que
criou hábitos, ou melhor, péssimos hábitos, que levam o estudante, cada vez
mais, para um abismo cultural.
Ninguém
quer mais ler um livro impresso. Preferem, os poucos que ainda apreciam a
leitura, fazê-la na tela de seu computador, que a cada dia perde espaço para os
moderníssimos aparelhos portáteis, que servem muito mais para as relações
sociais, do que para fazer uma ligação telefônica, estudos, produção de textos,
etc. E para piorar ainda mais a situação, parece que virou moda escrever errado
nas redes sociais. Como somos obrigados a ver tantos absurdos escritos.
Não me
venham dizer que o tema da redação foi complicado e complexo. Não venham dizer
que as provas estavam difíceis. O que ainda pode me fazer ter uma ponta de
esperança é que tivemos bons resultados, menores que o ano anterior, mas
tivemos, partindo de alguns bons estudantes, que ainda acreditam na educação,
na importância da aquisição do conhecimento, na dedicação que se deve dar aos
estudos, e, principalmente, que não podem permitir que interferências externas,
venham a atrapalhar seus sonhos, quando estes são objetivados.
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