segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

APONTAMOS PROBLEMAS; ISENTAMO-NOS DA CULPA


APONTAMOS PROBLEMAS; ISENTAMO-NOS DA CULPA

Por Carlos Delano Rebouças

Difícil não encontrar um brasileiro que não aponte um problema existente no país, que aflija a sociedade, prejudicando-a de alguma forma, dificultando em alguma forma a convivência saudável e harmoniosa entre seus membros.

Os problemas são inúmeros, desde os sociais, que envolvem a violência urbana, desigualdades sociais, má distribuição de renda, tráfico e consumo de drogas, dentre outras, até os administrativos, que são os de gestão pública, que redunda nos sociais, como também, econômicos e financeiros, além, é claro, os culturais. Ou seja, acabamos de nos ratificar como um desses brasileiros que conseguem definir claramente algumas mazelas de nossa sociedade, facilmente, ficando somente, no apontamento, e nada mais.
Até parece que é bem mais fácil apontar tais problemas, sobretudo, colocando-se exclusivamente como vítimas de suas consequências, como se em nenhum momento, por mais que provemos o contrário, viéssemos a acreditar que damos a nossa parcela de contribuição, sempre, mas sem assumi-la conscientemente.
Reclamamos dos políticos que são corruptos, mas somos nós, corruptos e corruptivos, que os escolhemos como nossos representantes públicos; Reclamamos da sujeira da cidade e somos nós que descartamos de qualquer jeito e em todo lugar; Somos nós que reclamamos da violência, mas viramos a cara para quem precisa e pede socorro, com uma postura preconceituosa, humilhante, que causa revolta; E somos nós, brasileiros, que desacreditamos da educação, sem a sua perfeita valorização e, com isso, agindo com a emoção, em vez da razão, ou com certa dose de equilíbrio, e acabamos tomando atitudes que vão de encontro ao que se entende por justo e correto aos olhos da lei e da sociedade.

Assim nos revelamos – muito mais opiniáticos e bem menos críticos – e faz com que a sociedade seja feita de homens que somente atiram para todos os lados, apontando dedos, encontrando culpados, sem ao menos refletir sobre a sua participação, numa completa falta de sensibilidade, na mais perceptível inflexibilidade diante das situações existentes.

Mas quando vamos assumir as nossas culpas, em vez de apontar culpados, sem que nos vejamos entre eles? Acredito que está muito longe de acontecer esse feito.

Historicamente, o homem se comporta assim – covarde nas suas atitudes – e é bem mais visível nas sociedades menos desenvolvidas, como a nossa, onde o simples ato de assumir a autoria de ato questionável, que significa o primeiro de longos passos para a transformação da sociedade, em busca de soluções, sequer se percebe no convívio familiar, na base do processo de formação.

A mudança, de fato, é difícil, mas não impossível, e precisamos entender que começa em cada um dia nós, numa autorreflexão sobre as nossas atitudes, sobre o que temos ou não de direitos e deveres, diante de uma correta definição sobre o que sejam, além, é claro, de muito bom senso, mesmo que para isso, seja preciso assumir a sua realidade, suas fragilidades, com muita humildade.

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