REVELANDO SENTIMENTOS COM A DOR
Por Carlos Delano Rebouças
Depois de assistir ao programa Conexão
Repórter, do SBT, sob a produção e apresentação do competente jornalista
Roberto Cabrini, de cujo tema, Fronteiras da Vida, fez uma sublime abordagem
sobre o amor e a dedicação dada por familiares de uma jovem acometida de um
acidente vascular cerebral, pude ter a certeza que a humanidade ainda pode
demonstrar toda a sua essência de amor, carinho e atenção ao semelhante.
Primeiramente, vamos fazer uma rápida apresentação
do enredo do programa, a fim de facilitar a compreensão do leitor que não
assistiu ao programa. A matéria abordou o drama de um jovem casal, apaixonados,
que se conheceram diante de uma situação inusitada, casaram-se, planejaram uma
vida a dois, filhos, e, na gestação do primeiro, e, até, então único filho, a
esposa teve um AVC de graves consequências, que a deixou aparentemente
inconsciente, sem movimentos, sob a inteira dependência do esposo e familiares.
Pode parecer somente mais um caso dramático
de qualquer cidadão do Brasil e até do planeta, que leva-nos a refletir, por
mais insanos que sejamos, sobre nossas atitudes, porém, muitas particularidades
nos remetem a uma avaliação mais profunda, como também, sobre o verdadeiro
sentimento de amor ao próximo.
Confirma-se uma inquestionável relação de
amor entre duas pessoas que parecem ter nascidos um para o outro. O marido
cuida com todo o zelo, da esposa, como também, do filho, que nasceu de forma
prematura, diante da doença da mãe, que escapou por muito pouco. Diariamente,
desdobra-se numa jornada que inclui sua atividade profissional, atenção ao
filho e, especialmente, à sua esposa, numa demonstração sincera e verdadeira,
do imensurável amor que sente por ela.
Outra coisa que chamou muita atenção, além
do amor incondicional transmitido pelo marido, e seu admirável controle
emocional, até mesmo porque não pode esmorecer diante da responsabilidade de
cuidar de seu filho, é o otimismo que existe neles, isso mesmo, porque
incluímos toda a sua família e principalmente, a sua sogra, mãe da jovem. Até
parece que significa algo bastante contagiante, que faz com que ninguém pense
que a sua total recuperação não vá acontecer em breve.
O jornalista Roberto Cabrini, viajado, com
toda a sua experiência, toda a sua maturidade em lidar sobre diversas questões,
principalmente aquelas que envolvem violência, em toda a sua longa carreira
profissional, não foi forte o suficiente para não se render a dor vivida por
aquela família e por aquela fortaleza de homem, marido, pai e companheiro. O
semblante do magnífico Roberto Cabrini disse realmente o que sentia enquanto
fazia a entrevista.
Mas será que a atitude desse jovem rapaz, -
esposo amoroso e sensível; pai carinhoso e humano; sonhador, otimista e
perseverante - foi revelada somente diante da dor e do sofrimento vivido, que
exige toda a sua responsabilidade perante uma situação nada agradável?
Certamente que não; que a postura deste
jovem não foi revelada ante a doença da esposa amada. Sem dúvida alguma,
percebe-se toda a ternura de um ser que entende que somente pelo amor e pela
solidariedade nutrida em um coração puro de sentimentos, pode se conseguir o
que se deseja, como recompensa, de Deus, numa visão otimista da vida.
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