terça-feira, 31 de março de 2015

BYRONISMO EM QUESTÃO


Por Carlos Delano Rebouças

Na Natureza Selvagem é um filme, aliás, um documentário que assistimos, eu e minha esposa, sob a indicação de um amigo, que muito me levou a fazer diversos questionamentos sobre a postura do homem no mundo em sociedade. Conta, baseado em fatos reais, a história de um jovem que abandona quase que completamente sua vida mundana, nos moldes do Capitalismo, para viver cada momento, em contato com o mundo, na forma mais natural possível.

A postura daquele protagonista - um jovem que alcançou uma formação superior pela vontade dos pais, que abdicou absolutamente de uma vida recheada de mordomias, desejada por qualquer jovem do mundo – fez-me refletir sobre tantas renúncias e suas possíveis consequências, aquelas, que a sociedade infelizmente não consegue aceitar como uma escolha plausível, até mesmo aos olhos dos mais sensatos.

Lord Byron, escritor inglês, que difundiu no planeta o Byronismo, que nada mais é do que uma negação do mundo, de forma rebelde, onde prevalece uma completa insatisfação com tudo que para seus seguidores, representa futilidade, veio a minha mente logo no início do filme. Aquele escritor sonhador e misterioso, cético, que defendia a liberdade, pareceu-me incorporado naquele jovem personagem, até os momentos finais, dolorosos, do filme.

Mas como fazer entender a sociedade as questões que levaram um jovem recém-formado, de classe média, com carreira promissora, largar a família, o futuro e o mundo, para seguir uma nova vida, descobrindo o mundo, sem a mínima preocupação com quem o amava, simplesmente pela defesa de uma ideologia?

Difícil. Mas o jovem personagem dessa história real conseguiu materializar toda a sua melancolia e todo o desencanto com o mundo e com a sociedade, Seu amor pela vida, pela natureza, mesmo com características do Arcadismo, é romântica, confirmando-se com a morte no fim, e que representa muito mais um começo, para todos nós, de uma nova postura.

Teve um triste fim. Morreu envenenado na sua natureza selvagem, não pelo mundo ou pelas pessoas, que certamente, não compreenderam as suas escolhas, mas sim, por ingerir frutos e vegetais, seguindo suas convicções, mediante um hábito que jamais desistiu, que era o de ler. Seu legado foi deixado. Sua semente foi semeada. Para alguns, um louco romântico; para outros, certamente um feliz sonhador, na visão mais sublime do Byronismo. 

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