quarta-feira, 11 de março de 2015

DO SIRIGADO OU ARABAIANA À TILÁPIA: SOMENTE UMA QUESTÃO DE PREÇO E PRAZER


DO SIRIGADO OU ARABAIANA À TILÁPIA: SOMENTE UMA QUESTÃO DE PREÇO E PRAZER

Por Carlos Delano Rebouças

Na brasa, frito ou cozido, ou em outras diferentes formas, ninguém pode negar que comer um peixe é sempre bom e prazeroso, mesmo sabendo que esse prazer tem preço e nem sempre é convidativo.

Estamos em plena quaresma, período em que cristãos, especialmente católicos, aqueles mais seguidores da doutrina religiosa, procuram consumir pescados em vez de carne vermelha, em respeito à tradição, porém, que às vezes se torna difícil, diante do custo do alimento.

Os mais abastados financeiramente, não enfrentam esta dificuldade. Conseguem, pelo prazer e vontade, satisfazê-las, comendo peixes mais seletos, mais caros, saborosos, especiais, como por exemplo, o sirigado ou arabaiana. Que bom se todos pudessem ter acesso a peixes desta categoria, contudo, resta somente para uma massa menos favorecida apreciar alguns outros mais populares, porém, nem menos saborosos.

Falamos na Tilápia, ou para os cearenses, o velho Cará.  Peixe típico da água doce, carnudo, de muita oferta no mercado, o popular pescado sempre aparece na mesa dos mais humildes brasileiros. Nem sempre com a mesma frequência do ovo, do frango ou da carne bovina, de segunda categoria, é verdade, mas o seu consumo frito, com um baião-de-dois, é para muitos o desejo de se quebrar uma rotina alimentar, em que o preço prevalece diante de um prazer inadiável.

Bem que o sirigado e a arabaiana são muitos saborosos, mas às vezes, prefiro bem mais a nossa Tilápia, tradicional, popular, disponível em toda esquina, frito ou cozido, não importa, mais que tem a cara do povão, de uma massa que palita os dentes no final de sua refeição com a mesma alegria de como tivesse apreciado um pescado nobre.

Contudo, quero encerrar esta minha escritura, deixando aos leitores uma indagação: Será que existe alguma espécie de pescado nobre, ou somos nós, humanos, que transferimos nossas convicções sobre valores pra os outros seres, moldando-os à nossa visão, conforme queremos?

Não sei, mas prefiro acreditar que a nobreza está em aceitar qualquer um da forma que se apresenta, naturalmente, pois particularidades são particularidades, sejam as percebidas no homem, sejam as percebidas nos pescados. Sirigados e Arabaianas têm seus valores e seus sabores, que em nada superam as tilápias.

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