sexta-feira, 10 de abril de 2015

É ACEITAR QUE NÃO TEM CONHECIMENTO

Por Carlos Delano Rebouças

Experimente sugerir para alguém uma produção de texto qualquer, sem mesmo definir uma temática, que de pronto certificará uma rejeição por completo ou pelo menos, rejeições parciais, seguidas dos mais diversos questionamentos, que significam, de fato, um convite nada agradável.

Um professor em sala de aula, de língua portuguesa, numa atividade de produção textual, ou um profissional de desenvolvimento humano, num processo de seleção de profissionais, quando apresenta aos alunos ou ao grupo de candidatos uma proposta de produção textual, de cara se percebe que não se trata de uma atividade bem vinda. Parece que significa a mais difícil e complicada atividade de aprendizagem e conhecimento.

Há quem diga que nem sempre é assim - que nem todo mundo reage à produção de um texto como algo a ser temido – e demonstra toda uma identificação com a “arte” de escrever. Certamente que damos a nossa concordância, até mesmo porque no mundo existem pessoas que gostam de ler e de escrever, e enxergam na prática da escrita a oportunidade de externar seus pensamentos; de estimular-se em busca de outros, vasculhando seus conhecimentos, muitas vezes retidos em suas memórias, diante da falta da prática de escrever; como também, veem que seus escritos podem fazer a diferença na vida de muitas pessoas, que os leem, até mesmo, despretensiosamente.

Às vezes, quando assisto ao Programa do Jô, na rede Globo, vendo a apresentação de placas escritas erradas, colhidas e enviadas de toda parte do Brasil, que viram piada, e arrancam muitas risadas, não somente do Jô Soares, apresentador, escritor e muito culto, mas, principalmente, de sua plateia e telespectadores do programa, que na sua maioria, com certeza, deve escrever as mesmas barbaridades apresentadas, certifico-me que estamos muito distante de aceitar a nossa verdadeira realidade, aquela de que estamos no mesmo barco.

Ainda falando da reação das pessoas – plateia, e todos nós, espectadores - quanto à apresentação das barbaridades escritas em placas, faixas e fachadas de prédios, todos de acesso público, ratificadas pelas estrondosas risadas e gargalhadas percebidas, infelizmente, enxergamos as razões pela qual representam um atestado de aceitação de uma realidade, comum em todos os brasileiros, ou em sua grande maioria, que parece despreocupada se são ou não, protagonistas desta tragicomédia. É aceitar, de fato, que faz parte de uma massa sem conhecimentos necessários, para externá-los numa folha de papel.

Enquanto isso, continuemos, nós brasileiros de uma pátria que se diz educadora, em nos manter arredios à leitura, à escrita, e a toda e qualquer forma de aquisição de conhecimento, como se nada representasse para a edificação e dignidade humana.

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