quarta-feira, 22 de abril de 2015

O MUNDO É DOS OTÁRIOS



Por Carlos Delano Rebouças

Essa conversa que o mundo é dos espertos, parece não me convencer a muito tempo, e argumentos, tenho aos montes para apresentar.

Ouvindo a música Dom Quixote da saudosa banda de rock Engenheiros do Hawaii, analisei cautelosamente sua letra e cheguei à conclusão de que o tese que acredito defender é verdadeira e sensata. O mundo é dos otários.

Quantos profissionais, bons, preparados e cultos estão fora do mercado, porque não são “espertos”?

Enquanto refletia em busca de respostas, lembrei-me de um trecho da música, que tanto nos ajuda a contextualizar a pergunta: “Muito prazer meu nome é otário, na ponta dos cascos e fora do páreo; puro - sangue puxando carroça”.

Somos muitos, realmente, puro - sangues puxando carroça nesse país, por acreditar que podemos ser reconhecidos bem mais pelos nossos conhecimentos, que pelas amizades, com cara de apadrinhamentos, que camuflam verdades, e tornam incompetentes em doutores, tomando o espaço de quem merece.

Ainda sobre a análise da música, cujos compositores merecem todo o nosso reconhecimento e aplausos, no trecho em que diz em outras palavras que acabamos sendo “carta fora do baralho”, entendemos que o mundo que se diz dos espertos, exclui, elimina, e faz da maioria de nós, otários que defendem uma causa perdida. Parabéns, Humberto Gessinger e Paulo Galvão, vocês foram felizes demais na composição da letra dessa belíssima música!

Pensando bem, até que prefiro ser esse otário; que até prefiro me decepcionar com os dragões que nada mais são que moinhos de vento. Se Dom Quixote, o emblemático guerreiro de Cervantes, no auge de sua falta de lucidez enxergou nos moinhos, falsos dragões, quem somos nós, para também não nos iludirmos com os verdadeiros dragões, que parecem moinhos, travestidos, mas que ventos da justiça, nada movimentam?

O mundo na verdade está repleto de “espertos” e que mais parecem “otários”. Não são “Dom Quixotes” da vida, sábios e guerreiros como o de Cervantes, e como muitos de nós, brasileiros, mas sim, aqueles que acreditam que os moinhos de vento são seus verdadeiros dragões. 

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