quarta-feira, 1 de junho de 2016

OS PROPÓSITOS DA CRISE

Por Carlos Delano Rebouças

O tema do momento. Para muitos, a desculpa certa, aliás, a saída perfeita para justificar alguma coisa que quisera ter argumentos.
A crise  parece não querer sair da mente nem do vocabulário diário do brasileiro. Palavra, caso não duvidemos, das mais declinadas no atual cenário político, econômico e social do nosso país. Em alguns casos, até se torna recorrente quando não se encontra justificativas para as tantas atitudes tomadas, daquelas que mesmo com todo cuidado e empenho, não se consegue provar por A mais B, o que o A mais B não têm condições de ratificar.
O desemprego crescente em nosso país, comércio enfraquecido baixando suas portas, indústria reduzindo a produção, medo de comprar e vontade louca de vender, dinheiro pouco resguardado na incerteza de um futuro obscuro e descrença total com aqueles que regem a orquestra dos poderes do nosso país são fatos comuns vistos na nossa sociedade. Contudo, tudo isso se resume numa simples palavra: crise.
Antes, quando se negava uma esmola num semáforo fechado, dizíamos " não tenho ou estou sem trocado"; hoje, o discurso é outro e se restringe a uma frase bastante consolidada: Infelizmente não tenho, diante dessa "crise" que assola o país.
Um dia, conversando com um amigo, ouvi dele que seu casamento não andava nada bem e que a crise afetava diretamente na sua relação com sua esposa, inclusive, na sexual. Perguntei-lhe as razões e respondeu: "Pouco dinheiro e contas elevadas, dívidas também. Tudo isso afasta um do outro e quando tento alguma coisa, a mulher se virá de lado e diz que hoje não e pede para deixar passar essa crise."
Diante das expectativas dos economistas, essa "bendita crise", para não dizer o contrário, pode ter seu sepultamento somente com dois ou três anos, e se tudo acontecer da forma como se espera. Contudo, muitas águas ainda vão rolar por baixo da ponte que liga os interesses de quem faz o nosso Brasil. Enquanto tentamos nos animar, logo surge uma nova situação que mais parece aquele dedo que deseja desligar os aparelhos de um país que resiste em sobreviver. 
Pobre de nós, esperançosos por um país melhor, que não se renova, que a roupa continua velha. Pobre do meu amigo, sofrido com suas condições financeiras. Pobre dele, pois parece que irá continuar ouvindo a palavra "crise" quando pensar num momento íntimo com sua digníssima esposa.

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