sábado, 27 de agosto de 2016

NOSSOS AÇUDES PEDEM SOCORRO


por Carlos Delano Rebouças

Há alguns meses, li nos jornais que alguns de nossos grandes açudes cearenses estavam secando como jamais tinha acontecido na história recente do nosso estado. Trata-se de um fato que preocupa deveras, não semente o povo da região abastecida pelos reservatórios, como também, todo um estado que sofre com a estiagem há séculos, e que mais parece uma ferida aberta ou uma doença crônica, sem remédio para curar.

 O primeiro deles, noticiado, foi o açude de Pentecoste, cerca de 100 km da capital cearense. Famoso, o grande açude ficou conhecido pelo lazer que oferece, aliás, oferecia ao povo daquela cidade e a seus visitantes. Construído sob a chancela do Departamento Nacional de Obras Contra a Seca, DNOCS, em tempos áureos, suas águas chegavam a alcançar níveis elevadíssimos, proporcionando para os mais corajosos, saltos de pontos elevados de sua cabeceira. Hoje, conta com menos de 5% de sua capacidade, fazendo com que espécies de peixes deixassem de figurar na mesa do povo pentecostense, como Tucunarés, Pescadas e Tilápias, além do famoso Curimatã. Hoje, figuram somente na lembrança.

Depois dele, o caçula e gigantesco açude do Castanhão, que para muitos, chegou a parecer um mar de tanta água, e vejam, que quando foi definido assim, sequer contava com sua capacidade total, começou a mostrar as ruínas da cidade velha de Jaguaribara, cujas ruas e edificações destruídas, mostraram-se para o mundo, em canal aberto, sob a perplexidade de todos que não acreditavam no que viam.

Hoje, temos a notícia de outro gigante e tradicional açude de nosso estado pedindo socorro e morrendo de sede. Localizado na cidade de Banabuiú, que dá nome ao açude, a vegetação toma o lugar das águas, ante os olhares entristecidos de pescadores e moradores, que cresceram vendo seu açude sendo referência para a sua cidade e para o estado do Ceará, com a responsabilidade de abastecer boa parte do nosso Ceará.

Seguindo o triste caminho desses três grandes reservatórios cearenses, outros aparecem respirando por aparelhos, minguados em água, prestes a engrossar esta lista, que já preocupa muito, e que faz com que todo cearense sofra com a preocupação de se ver num colapso total de falta d’água nos próximos meses.

E o que fazer diante desta preocupante situação que assola não somente nosso estado, mas o nordeste inteiro, e outros estados do país? Que atitudes devemos tomar, nossos governantes e a sociedade como um todo? Esperar por chuvas? Pela misericórdia divina? Por São Pedro, para aqueles que acreditam?

Perguntas sem respostas. Estamos sim, reféns do tempo; de olho nos céus; e à espera de chuvas, que cada vez se tornam mais escassas. Enquanto isso, continuamos agindo de forma impensada, consumindo de forma desordenada e irresponsável, agredindo a natureza, e colhendo os frutos de nossa ignorância. 

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