sábado, 3 de setembro de 2016

EM BELO SONETO DE ALBERTO DE OLIVEIRA: POETA EMBLEMÁTICO DO PARNASIANISMO BRASILEIRO

A GALERA DE CLEÓPATRA

Rio abaixo lá vai, de proa ao sol do Egito,
A galera real. Cinquenta remos lestos
Impelem-na. O verão faz rutilar, ao estos
Da luz, de um céu de cobre o horizonte infinito.

Pesa, abafado e quente, o ar circunstante. Uns restos
De templo ora se veem, lembrando extinto rito;
E inda um pilono erguido, e a esfinge de granito,
De empoeirado cariz e taciturnos gestos.

De quando em quando à flor do Nilo se destaca,
D’água morna emergindo, a escama de um facaca;
O íbis branco revoa entre os juncais. Entanto,

Numa sorte de ãos, Cleópatra procura
Su’alma distrair, prestando ouvido ao canto
Que a escrava Carmion tristemente murmura.

Nenhum comentário:

Postar um comentário