sábado, 15 de outubro de 2016

SER PROFESSOR




por Carlos Delano Rebouças

Depois de terminar uma aula particular de redação para o Enem, ainda em estado de êxtase por saber que aluno vem numa crescente evolução, nos mais diferentes aspectos, inclusive, na capacidade de produzir textos, parei para refletir sobre o papel social do Professor. 

Antes de entrar no mérito da discussão sobre essa reflexão, adianto logo que sou Professor porque gosto e me sinto feliz e realizado quando entendo que posso influenciar de forma positiva na vida das pessoas, colaborando na aquisição e compartilhamento de saberes. Contudo, voltando para essa reflexão sobre o papel social do Professor, tentei dimensionar a sua importância para a delimitação de objetivos e a concretização de sonhos de uma vida, às vezes, desde a sua concepção.

Muitos nascem já com uma profissão definida pelos pais e responsáveis, ou até, parentes mais próximos. É a realização, às vezes, de um sonho próprio que por algum motivo não aconteceu, mas que se espera acontecer na vida de alguém, embora, na vida, escolhas são feitas, porém, nem sempre as mesmas comuns a todos. Deixando as possibilidades de lado, o sonho de ser Professor nem sempre é comum entre a maioria dos brasileiros, especialmente, entre aqueles das classes mais favorecidas. Há quem diga que o sonho de ser um profissional de educação é nutrido muito mais por crianças de classes sociais inferiores, que vivem em meio às dificuldades, e que enxergam no tio ou na tia, uma referência de conhecimento, de saber, de educação, de paciência e de atenção, bem próximas de sua realidade, sendo esta, a mais acessível de se alcançar.

Contudo, com o passar do tempo, amadurecendo com a idade, novas referências surgem, principalmente, aquelas induzidas pelo capitalismo, que fazem enxergar cifras. Logo, o sonho de ser Professor se perde no caminho, quando se enxerga todas as dificuldades enfrentadas por esse profissional no seu cotidiano, que se desenha desde as dificuldades estruturais, até às questões de ordem financeira, contando, ainda, paralelamente, com a incidência de problemas de relacionamento, que implicam na segurança do Professor em sala de aula.

O mais interessante em tudo isso é que nem todo mundo muda seus sonhos e suas escolhas profissionais diante do conhecimento que tem sobre os ossos do ofício e o retorno financeiro. Eu me incluo entre esses.

Desde pequenino nutri o sonho de ser Professor, embora tenha exercido outros ofícios. Tentativas foram várias, algumas até com sucesso, contudo, entre idas e vindas, há um bom tempo parei e entendi que ser Professor é muito mais que uma escolha.

Ninguém escolhe uma profissão e nela entra e permanece por muito tempo com um sorriso largo de felicidade, nem mesmo se a necessidade parecer grande. E quando se refere ao ofício de Professor, este, ainda parece mais identificado com o estado de ser educador, que vai além do injusto retorno financeiro ou da falta de reconhecimento por uma parte considerável da sociedade. É de fato, um ofício, como qualquer outro, que dignifica diante de um simples ato de reconhecimento pela diferença que fez ou faz na vida de alguém. É um muito obrigado calado, mas dito com todas as letras por meio das lágrimas de uma conquista e de uma transformação.
  
Ser Professor é saber que em um dado momento da vida e em um lugar perdido do mundo, alguém precisa saber, precisa de uma orientação, de uma acolhida para uma conversa transformadora, e lá estará um Professor, que mesmo não o seja por ofício, o é por uma postura única, compatível a quem naturalmente interage para uma mudança.



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